quarta-feira, 19 de maio de 2010

Valor: impulsionado pelo consumo interno, lucro das empresas cresce 57% no 1º sem.

Matéria do Valor, copiada daqui.

O protagonista destes resultado foi o consumo inetrno, mas o Serra diz que o Governo Lula errou ao reduzir o IPI para combater a crise.

Lucro das empresas cresce 57% no primeiro trimestre.
Um ano depois do auge da crise internacional, o resultado das companhias abertas no primeiro trimestre mostra que as empresas voltaram rapidamente aos tempos dos bons lucros. Houve crescimento em todas as linhas dos balanços, considerando 231 empresas, exceto as de intermediação financeira e as gigantes Vale e Petrobras - que por seu tamanho distorcem a amostra.

Realidade a todo vapor

Por Graziella Valenti e Fernando Torres, de São Paulo
O consumo doméstico foi o protagonista dos resultados do primeiro trimestre deste ano. Embora as companhias exportadoras também tenham registrado evolução, aquelas voltadas ao mercado interno trouxeram números que despertaram otimismo entre os analistas, acompanhando os bons prognósticos para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2010.

Com as boas expectativas para o desempenho das empresas, o mundo real dos negócios está cada vez mais descolado do comportamento das ações na BM&FBovespa, que vem sofrendo com a saída de recursos estrangeiros por conta das preocupações com Europa e China.

Carlos Sequeira e Antonio Junqueira, analistas do BTG Pactual, destacaram que a bolsa começou 2010 com as cotações equivalentes a 13 vezes o lucro esperado para o ano. Agora, o indicador está 10 vezes. Segundo ele, isso é reflexo principalmente do aumento das projeções de lucro para o ano.

Recentemente, o BTG Pactual revisou a previsão de aumento do PIB no ano de 5% para 6%. Porém, já não é raro encontrar casas que estimem crescimento de 7% para a economia. Entre elas estão Itaú Unibanco, Bradesco e J.P. Morgan.

"Os resultados vieram dentro ou até acima das expectativas, salvo algumas exceções", disse Luciana Leocadio, analista-chefe da Ativa Corretora, que vê um cenário de continuidade de recuperação. Ela lembra, contudo, que o período foi beneficiado por incentivos fiscais que elevaram a demanda. Ainda assim, não acredita que o fim dos estímulos levará a uma queda nas vendas nos próximos trimestres.

A estrategista da Itaú Corretora, Cida Souza, destacou que a companhia de cosméticos Natura, por exemplo, encontrou espaço até para repasse de preços no primeiro trimestre. O diretor de relações com investidores da empresa, Roberto Pedote, disse que as tabelas foram reajustadas entre 6% e 7% em fevereiro.
Quando a análise dos resultados do primeiro trimestre de 2010 inclui Vale e Petrobras, somando 233 empresas abertas, a tendência é a mesma mostrada pelas demais companhias, mas com menos vigor. O lucro líquido mostra alta de 37,7%, para R$ 24,5 bilhões. Já a receita líquida avança 15,7%, totalizando R$ 235,5 bilhões.

Para as exportadoras, o câmbio não ajudou muito nesses três primeiros meses, apesar da recuperação dos volumes. O dólar recuou 23% na comparação entre o fechamento de março deste ano e de 2009, passando de R$ 2,31 para R$ 1,78. A Vale, por exemplo, vendeu 6,7% mais minério de ferro nos três primeiros meses deste ano, mas a receita operacional recuou 1,1%, para R$ 13 bilhões.

O balanço da AmBev é emblemático para mostrar o descompasso entre as empresas com foco no Brasil e as dedicadas ao mercado internacional. Enquanto os números da InBev não agradaram tanto no mercado externo, a AmBev mostrou expansão de 9,8% nos volumes vendidos, para 40,9 milhões de hectolitros, e alta de 8,2% na receita líquida, que somou R$ 5,6 bilhões.

Para o segundo trimestre, as exportadoras devem corrigir a defasagem de desempenho em relação às empresas dedicadas ao mercado doméstico. A Vale conseguiu praticamente dobrar o preço do minério, retomando os níveis anteriores à crise. As siderúrgicas também já anunciaram que irão corrigir os preços, para compensar o aumento da matéria-prima.

Em relação ao futuro, as maiores preocupações são com o cenário externo, em especial com uma abrupta desaceleração da economia chinesa, que vem sustentando a melhora das commodities ocorrida no primeiro trimestre.

Mas o risco relacionado à China só teria efeito no segundo semestre e em 2011, caso haja impacto substancial na demanda pelos produtos básicos. Um cenário mais drástico teria capacidade, inclusive, de afetar a economia local, embora os analistas não trabalhem com essa perspectiva até o momento.

 
Caso o ritmo da atividade doméstica continue surpreendendo, há alguma preocupação com aumento no custo das companhias e uma eventual pressão nas margens. Luciana, da Ativa Corretora, alerta para o risco de algumas companhias não conseguirem repassar os custos. Sequeira e Junqueira, do BTG Pactual, acreditam que a flexibilidade para correção de preços deve ser avaliada caso a caso, sem tendência única.
Até o fim de março, o tema não mostrou relevância sobre os números. Nem mesmo um aumento de 33,2% nas despesas financeiras líquidas das companhias, para R$ 6,7 bilhões, impediu que o lucro operacional (depois dessa conta) mostrasse uma evolução de 44,1%, para R$ 20 bilhões. O lucro líquido, por sua vez, subiu 57,3%, para R$ 13,9 bilhões, num ritmo muito maior que o da receita líquida: alta de 16,5%, para R$ 172,5 bilhões.

 
Na comparação com o quarto trimestre, porém, o lucro bruto recua mais do que a receita líquida: queda 6,6% ante redução 3,3%, respectivamente. Embora não traga grandes dores de cabeça no momento, o tema mostra que merece acompanhamento.

 
Quanto à saúde financeira das empresas, a fotografia do fim de março não mostra sinais para preocupação. Sem considerar Vale e Petrobras, as companhias fecharam março com dívida líquida de R$ 193,5 bilhões - queda de 9,7% na comparação anual e alta de 3,6% ante dezembro. Com as gigantes, a dívida líquida somava R$ 297,9 bilhões - alta de 3,5% sobre março de 2009 e de 4% ante dezembro. Em ambos os cenários, a relação entre o endividamento líquido e o patrimônio mostra melhora significativa ante março de 2009 e estabilidade em relação ao fim do ano.

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